Eles beijavam-se apaixonadamente, tal qual fosse o último
beijo, encostados a um semáforo, de uma avenida Lisboeta.
O sinal muda de verde para encarnado. Os carros param. O
beijo termina. A mão dele, desliza pelo ombro dela, percorre o braço e termina
na mão. Os dedos de ambos despedem-se…saudosos…
Ele salta para a frente dos carros, com uns quantos pinos e
faz malabarismo com os mesmos. Pinos brancos rodam no ar e, as mãos dele, desdobram-se
para não os deixar cair.
Ela de lata na mão, pede aos automobilistas: “ Não tem uma
moeda para os artistas?”
Não dei a moeda, porque não a tinha de facto.
Mas para mim, o espectáculo digno de uma dádiva neste
episódio que relato, foi o “equilibro do amor aéreo” que aqueles dois exibiam.
O malabarismo que dupla e juntamente compõem à relação…pinos
no ar, que mantem a 4 mãos.
Possivelmente já algum foi ao chão…
Mas não tenho a mínima duvida, que ao momento estão “todos
no ar”.
Mais do que aquele beijo, revelador para mim foram os olhos.
Só tem aquele olhar, quem tem “o amor no ar”.
PDO/.